Ler na Escola

O encontro de Língua Portuguesa realizado no dia 14/09/2010 no Colégio Municipal Fernando Augusto Pinto Ribeiro foi bastante proveitoso e discutiu a importãncia dos professores de português enquanto mediadores de situações escolares de leitura com vistas à formação do leitor crítico. A orientadora Eliete Carvalho distribuiu a Revista LINGUA para suporte de leituras. Os professores ficaram de apresentar, no próximo encontro, as produções dos alunos em relação aos gêneros textuais trabalhado em sala de aula.

Ler na escola


A Secretaria de Educação de Palmares promoveu, no dia 10/09/2010, a Formação Continuada para os professores da Zona Rual com o tema: Ler na escola. A formadora Eliete Carvalho utilizou a Revista Nova Escola, do mês de agosto, para orientar e incentivar os docentes a promover ambientes leitores a partir dos gêneros textuais no espaço da sala de aula. O objetivo principal foi compreender e discutir o papel do professor enquanto mediador de situações escolares de leitura com vistas à formação do leitor crítico.Todos os professores receberam a revista e foram orientados a desenvolver projetos de leitura.  

Um "R" a mais na minha aula de Sintaxe

                  Têm coisas que acontecem na vida da gente que nunca esquecemos. Pode passar anos e anos, mas sempre que as procuramos na memória, lá estão elas presentes e bem vivas na nossa mente. É como a história que eu passo a contar agora, depois de quinze anos de magistério. Nunca imaginei que pudesse escrever sobre um dos meus primeiros dias de aula como professora de Língua Portuguesa. Escrever talvez seja a única forma de amenizar minhas lembranças, não que eu queira esquecê-la, mas porque escrever foi a maneira que encontrei de falar e refletir comigo mesma sobre o início de minha carreira no magistério. É bom lembrar que eu estava recém-formada e havia passado no concurso para professora de Língua Portuguesa de uma escola pública municipal, na cidade de Palmares.

                 Tudo começou na sala de aula em uma turma de 2º ano de contabilidade. Eu nunca havia ensinado antes, porém, assim que cheguei à escola fui direto lecionar no antigo 2º grau, numa turma de 50 alunos. Em uma das minhas aulas, fui eu ensinar um assunto da sintaxe (gramática) - os termos integrantes da oração. Na hora de escrever a palavra integrante, coloquei assim no quadro: intergrante. Aparentemente nada de anormal com a palavra a não ser um “R” a mais. Todavia, esse “R” me custou uma noite inteira de insônia e muita insegurança. Tudo porque um aluno questionou o tal do “R” na palavra. O aluno dizia que não havia o “R” e eu insistia em dizer que havia. Tem “R” não tem “R” passou a ser o assunto da aula.

                 Confesso que quando o aluno me questionou, tremi por dentro, não sabia como reagir diante daquela situação. A única maneira que encontrei foi não aceitar que o aluno dissesse que eu havia escrito a palavra errada. Estava naquele instante de sabatina, super nervosa, reproduzindo o que os antigos professores da casa recomendavam quando situação como essa acontecia. Os conselhos eram mais ou menos assim: “- olhe, não deixe aluno nenhum colocar você pra trás. Se errar alguma vez na sala de aula não dê o braço a torcer”. Essas palavras ficaram na minha cabeça. Não custou a situação acontecer. De repente, estava eu com aquele “R” indesejado na minha aula. Insisti com o aluno em mostrar que a palavra estava correta e foi ela que me fez tremer nas bases – pelo menos na época.

                 Mas a história não acabou na sala de aula. Eu fui para casa com o “R” na cabeça. E me perguntava no caminho da escola para casa: tem ou não tem “R”? De fato o “R” me incomodou bastante. Quando cheguei em casa, a primeira coisa a fazer foi pegar o dicionário Aurélio. Pronto. Fiquei pasma. Que surpresa desagradável. A palavra realmente não tinha o tal “R”.

                 E agora, o que fazer? A única coisa que senti na hora foi uma tremenda angústia. Questionei, naquele exato momento, se eu deveria continuar ensinando. De tudo me passou à cabeça. Sem falar que passei a noite toda sem dormir diante da descoberta. A vontade que eu tinha era de nunca mais entrar naquela sala de aula. O meu maior medo era de ser estigmatizada pelos alunos de não saber ensinar, de ser insegura e tantas outras coisas...

                 No dia seguinte, fiz de conta que nada havia acontecido. Escrevi a palavra correta no quadro e comecei a explicar o assunto. A turma não questionou mais, o que me deixou mais tranquila. Mas fiquei sem saber se eles ainda acreditariam em mim. Precisei estudar bastante para não ter que passar por aquilo de novo. O tal “R” deixou lembranças e, por mim, jamais foi esquecido.

CHARGE - Produção de Alunos

VIDAS SECAS - Resenha

Baleia era como uma pessoa da família: brincavam junto os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras” (Graciliano Ramos)

O romance modernista Vidas Secas, do escritor alagoano Graciliano Ramos, é uma obra que ultrapassa todos os limites do regionalismo, para ser considerado um romance de caráter universal, exatamente porque aborda uma temática de caráter social, denunciando, sobretudo, as injustiças sociais, como a miséria, a fome, a desigualdade e a seca. Todos esses enfoques são abordados em Vidas Secas constituindo-se um romance que analisa e retrata fielmente a realidade de uma época – década de 1930 - mas também pode ser enquadrado até os nossos dias, por se tratar de uma narrativa impar ao abordar o drama dos retirantes e por mostrar que as condições atuais de vida do sertanejo não diferem muito das apresentadas por Graciliano Ramos em seu romance.
                Toda a trajetória vivida pelos personagens do romance, Fabiano - homem rude e incapaz de expressar seus pensamentos em palavras -, Sinhá Vitória, seus filhos, a cachorra Baleia e o papagaio - que a família come para aliviar a dor da fome -, é de extrema luta pela sobrevivência diante do flagelo da seca nordestina.
                Verifica-se neles (os personagens) um pouco da alma do povo nordestino, representado por Fabiano e sua família, que isolados, sem esperança e alternativas vivem condenados à miséria, à fome, rastejando a misericórdia e a boa vontade daqueles que detêm o poder. Fabiano não entende e questiona o tempo todo na obra o porquê de tanta humilhação e tanta injustiça. Pode-se dizer que ele é o retrato fiel do descaso social e da exploração humana.
                O livro que está dividido em 13 capítulos distribuídos da seguinte forma: capítulo 1 – Mudança, capítulo 2 – Fabiano, capítulo 3 - Cadeia, capítulo 4 - Sinhá Vitória, capítulo 5 – O menino mais novo, capítulo 6 – O menino mais velho, capítulo 7 – O inverno, capítulo 8 – Festa, capítulo 9 – Baleia, capítulo 10 – Contas, capítulo 11 - O Soldado Amarelo, capítulo 12 - O mundo coberto de pena e o capítulo 13 – Fuga.
                A obra conta a história de uma família pobre do sertão nordestino que busca um lugar para sobreviver. Exaustos, Fabiano, sua mulher Sinhá Vitória, seus filhos: o mais velho e o mais novo e a cachorra Baleia encontram abrigo em uma casa e passam a noite. De repente, chega o dono da fazenda e ameaça expulsar a família da fazenda. Fabiano implora trabalho e acaba ficando de lá.
                 Um ano depois, Fabiano já era empregado da fazenda e cuidava dos animais como vaqueiro, porém não recebia o salário suficiente por todo trabalho árduo que realizava.
                 Indo à cidade, Fabiano e a família vão a uma festa regional e Fabiano a convite de um soldado vai jogar baralho com os apostadores. Apostou todo o seu salário e, no momento em que percebeu que estava perdendo no jogo, saiu e foi abordado pelo soldado ocorrendo uma discussão entre eles.
                O soldado chama a polícia e eles o prendem, acusando-o injustamente e o agridem com um facão. A mulher e as crianças sentindo sua falta pernoitaram na calçada e, no dia seguinte, viram o dono da fazenda e o padre indo em direção à prisão. O padre liberou Fabiano da prisão. O tempo passou e a família foi ficando cada vez mais pobre, pois Fabiano gastava todo o dinheiro no jogo, e sua mulher revoltou-se. A seca castigava cada vez mais os animais e, por isto, Vitória quis fugir da fazenda.
                 A família organiza a mudança e Fabiano quer matar Baleia que está doente, mas acaba a ferindo com um tiro, porém ela foge e morre agonizando. As crianças choram muito a perda do animal.
                Por fim, Fabiano e a família saem em retirada e o sertão continuaria a mandar para a cidade homens fortes, brutos como Fabiano, Sinhá Vitória e os meninos.