Em uma das músicas de Caetano Veloso, encontramos a citação “O Haiti é aqui”, frase que nos leva também a comparar o que aconteceu na cidade de Palmares, complemente devastada pela força das águas do Rio Una, com a situação catatônica e semelhante que abateu o Haiti com a chegada do terremoto, deixando inúmeras vítimas, inclusive a missionária do Brasil, da Pastoral da Criança Zilda Arns, que teve sua vida interrompida justamente quando realizava uma palestra dentro de uma igreja para os haitianos.
Terremoto, tsunami, avalanche são palavras que servem para descrever o que ocorreu em Palmares nos últimos dias, do mês de junho de 2010. A cidade foi pega de surpresa pela enchente, não dando tempo a população de salvar seus pertences, móveis e até mesmo seus parentes. Muitos ficaram em suas casas no primeiro andar, em cima de lajes, achando que as águas não iram chegar, e tiveram que ser socorridos, de urgência, por helicópteros, Corpo de Bombeiros, lanchas e tantas outras formas de salvamento para não perderem suas vidas. A força das águas foi tanta que as casas caíram em efeito dominó, pontes partiram, assim como árvores, carros e postes foram arrastados pela correnteza.
Tristeza maior não há. As vítimas estão ainda em estado de choque. O sentimento é de desespero, dor e muita aflição de todos aqueles que perderam parentes, lojas, casas, móveis e ficaram só com a roupa do corpo. Tudo foi destruído. “Palmares não existe mais”. É o que as pessoas falam de um canto a outro da cidade. O município ficou submerso pelas águas, e, certamente, é um dos mais atingidos da região da Mata Sul. O cenário aqui é caótico. A população atingida pela enchente está abrigada em escolas, casas de amigos e parentes. E não sabe o que fazer porque suas casas já não existem mais. A cidade está em calamidade pública. Falta energia, água, comida, roupa, remédios, material de limpeza, higiene, colchão, cobertor, toalha, etc.
Em toda parte da cidade, é gente que vai, é gente que vem, é gente curiosa, é gente que atrapalha, é gente que assusta, é gente que xinga, é gente que se aproveita da fragilidade e da situação de miséria das pessoas vitimadas para saquear e invadir residências, sem falar daquelas que querem explorar vendendo mercadorias acima do preço, mas também há gente solidária e que não mede esforços para ajudar o seu semelhante.
Desolação. É palavra que fica depois do caos. Esse é o cenário estampado no visual da cidade e nos rostos das pessoas. A pergunta agora é: como recomeçar? Tudo está perdido. Os prejuízos são incalculáveis. Muitos prédios históricos foram danificados; outros caíram completemente comprometendo até a própria história da cidade. Diante de tanto caos, destruição, dor e sofrimento, certamente, o Haiti é aqui. Mas, sejamos fortes, amigos! Vamos recomeçar...
LER É PRECISO
"para a história nada se perde, cada fragmento carrega a memória e o tempo".
LER É PRECISO
Estou cansada de ouvir que os jovens não gostam de ler, muito menos de escrever. As reclamações parecem ser unânimes: dos pais, dos professores e até mesmo dos próprios jovens. Na escola, são várias as tentativas para fazer os jovens lerem. Muitas vezes, a escola não conhece a causa da recusa dos jovens em relação à leitura e termina impondo-a como parâmetro para incentivar o gosto pela leitura, mas quase sempre as experiências dão erradas. Primeiro porque não é obrigando que se fará com que os jovens leiam. Segundo porque ninguém aprende a ler só porque o professor ou alguém diz: “A leitura é fundamental!”. “Leiam”! Isso em nada acrescentaria a um jovem que não foi trabalhado para desenvolver o hábito da leitura. Ninguém nasce sabendo. Também não se aprende a ler de um dia para outro. Daí a importância de se estimular a criança desde cedo a ter acesso ao livro, de preferência, livros interessantes que estimulem a imaginação e que sirvam de exemplos para o seu desenvolvimento intelectual.
Livros, revistas, jornais, poesias, contos, romances são excelentes fontes de leitura, porém é preciso estar em sintonia com aquilo que os jovens gostam/gostariam de ler, para que a leitura venha a se processar sem bloqueio, sempre fruto do desejo e da curiosidade. Está mais que provado que quando a leitura interessa, ao contrário do que muita gente pensa, o jovem vai além das expectativas do professor. Já presenciei muitos alunos meus devorando livros, entusiasmados com a leitura e prontos para prosseguir adiante. Quando isso acontece, é porque a leitura, na verdade, sempre esteve presente nas suas vidas. Neste caso, a leitura torna-se um prazer. É fato também que esses jovens, nos seus primeiros anos, tiveram pais que leram para eles. Por outro lado, outros com ojeriza à leitura, sem vontade, sem estímulo para ler, justamente porque muitos não aprenderam a ler ou a leitura recomendada de alguns livros não chamou sua atenção. Isso sem esquecer que os jovens da escola pública, na sua maioria, chegam à escola já desestimulados. Os pais não os acompanham, muitos são analfabetos; e outros nem se preocupam com o que venha acontecer com seus filhos.
É muito fácil ou até cômodo dizer que os jovens não gostam de ler. Para mim, isso é um mito ou uma desculpa para fugir da realidade encontrada na grande maioria das escolas públicas de todo o país. Os jovens gostam sim de ler. O problema é que nem sempre a escola está preparada para desenvolver o hábito da leitura.
O que me parece urgente é fazer com que a leitura seja estimulada, não importa a série ou a idade, o ideal é dar condições, criar oportunidades para que os jovens entrem em contato com a leitura de bons livros, mas essa leitura jamais poderá ser solta, sem direção ou de forma aleatória. Fazer a leitura entrar na vida dos jovens não é só questão de um incentivo a mais, mas ela é uma das ferramentas importantes para o pleno exercício da cidadania. Acho que não é jogando a responsabilidade para os jovens que escola ensinará a ler, antes é tarefa precípua dela. Assim sendo, a escola precisa tornar o ato de ler em experiências interessantes e gratificantes para busca de um leitor competente, fugindo, lógico, dos maçantes trabalhos de leitura que em nada acrescentam à vida dos jovens. É muito fácil ou até cômodo dizer que os jovens não gostam de ler. Para mim, isso é um mito ou uma desculpa para fugir da realidade encontrada na grande maioria das escolas públicas de todo o país. Os jovens gostam sim de ler. O problema é que nem sempre a escola está preparada para desenvolver o hábito da leitura.
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