Ler na Escola

O encontro de Língua Portuguesa realizado no dia 14/09/2010 no Colégio Municipal Fernando Augusto Pinto Ribeiro foi bastante proveitoso e discutiu a importãncia dos professores de português enquanto mediadores de situações escolares de leitura com vistas à formação do leitor crítico. A orientadora Eliete Carvalho distribuiu a Revista LINGUA para suporte de leituras. Os professores ficaram de apresentar, no próximo encontro, as produções dos alunos em relação aos gêneros textuais trabalhado em sala de aula.

Ler na escola


A Secretaria de Educação de Palmares promoveu, no dia 10/09/2010, a Formação Continuada para os professores da Zona Rual com o tema: Ler na escola. A formadora Eliete Carvalho utilizou a Revista Nova Escola, do mês de agosto, para orientar e incentivar os docentes a promover ambientes leitores a partir dos gêneros textuais no espaço da sala de aula. O objetivo principal foi compreender e discutir o papel do professor enquanto mediador de situações escolares de leitura com vistas à formação do leitor crítico.Todos os professores receberam a revista e foram orientados a desenvolver projetos de leitura.  

Um "R" a mais na minha aula de Sintaxe

                  Têm coisas que acontecem na vida da gente que nunca esquecemos. Pode passar anos e anos, mas sempre que as procuramos na memória, lá estão elas presentes e bem vivas na nossa mente. É como a história que eu passo a contar agora, depois de quinze anos de magistério. Nunca imaginei que pudesse escrever sobre um dos meus primeiros dias de aula como professora de Língua Portuguesa. Escrever talvez seja a única forma de amenizar minhas lembranças, não que eu queira esquecê-la, mas porque escrever foi a maneira que encontrei de falar e refletir comigo mesma sobre o início de minha carreira no magistério. É bom lembrar que eu estava recém-formada e havia passado no concurso para professora de Língua Portuguesa de uma escola pública municipal, na cidade de Palmares.

                 Tudo começou na sala de aula em uma turma de 2º ano de contabilidade. Eu nunca havia ensinado antes, porém, assim que cheguei à escola fui direto lecionar no antigo 2º grau, numa turma de 50 alunos. Em uma das minhas aulas, fui eu ensinar um assunto da sintaxe (gramática) - os termos integrantes da oração. Na hora de escrever a palavra integrante, coloquei assim no quadro: intergrante. Aparentemente nada de anormal com a palavra a não ser um “R” a mais. Todavia, esse “R” me custou uma noite inteira de insônia e muita insegurança. Tudo porque um aluno questionou o tal do “R” na palavra. O aluno dizia que não havia o “R” e eu insistia em dizer que havia. Tem “R” não tem “R” passou a ser o assunto da aula.

                 Confesso que quando o aluno me questionou, tremi por dentro, não sabia como reagir diante daquela situação. A única maneira que encontrei foi não aceitar que o aluno dissesse que eu havia escrito a palavra errada. Estava naquele instante de sabatina, super nervosa, reproduzindo o que os antigos professores da casa recomendavam quando situação como essa acontecia. Os conselhos eram mais ou menos assim: “- olhe, não deixe aluno nenhum colocar você pra trás. Se errar alguma vez na sala de aula não dê o braço a torcer”. Essas palavras ficaram na minha cabeça. Não custou a situação acontecer. De repente, estava eu com aquele “R” indesejado na minha aula. Insisti com o aluno em mostrar que a palavra estava correta e foi ela que me fez tremer nas bases – pelo menos na época.

                 Mas a história não acabou na sala de aula. Eu fui para casa com o “R” na cabeça. E me perguntava no caminho da escola para casa: tem ou não tem “R”? De fato o “R” me incomodou bastante. Quando cheguei em casa, a primeira coisa a fazer foi pegar o dicionário Aurélio. Pronto. Fiquei pasma. Que surpresa desagradável. A palavra realmente não tinha o tal “R”.

                 E agora, o que fazer? A única coisa que senti na hora foi uma tremenda angústia. Questionei, naquele exato momento, se eu deveria continuar ensinando. De tudo me passou à cabeça. Sem falar que passei a noite toda sem dormir diante da descoberta. A vontade que eu tinha era de nunca mais entrar naquela sala de aula. O meu maior medo era de ser estigmatizada pelos alunos de não saber ensinar, de ser insegura e tantas outras coisas...

                 No dia seguinte, fiz de conta que nada havia acontecido. Escrevi a palavra correta no quadro e comecei a explicar o assunto. A turma não questionou mais, o que me deixou mais tranquila. Mas fiquei sem saber se eles ainda acreditariam em mim. Precisei estudar bastante para não ter que passar por aquilo de novo. O tal “R” deixou lembranças e, por mim, jamais foi esquecido.

CHARGE - Produção de Alunos

VIDAS SECAS - Resenha

Baleia era como uma pessoa da família: brincavam junto os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras” (Graciliano Ramos)

O romance modernista Vidas Secas, do escritor alagoano Graciliano Ramos, é uma obra que ultrapassa todos os limites do regionalismo, para ser considerado um romance de caráter universal, exatamente porque aborda uma temática de caráter social, denunciando, sobretudo, as injustiças sociais, como a miséria, a fome, a desigualdade e a seca. Todos esses enfoques são abordados em Vidas Secas constituindo-se um romance que analisa e retrata fielmente a realidade de uma época – década de 1930 - mas também pode ser enquadrado até os nossos dias, por se tratar de uma narrativa impar ao abordar o drama dos retirantes e por mostrar que as condições atuais de vida do sertanejo não diferem muito das apresentadas por Graciliano Ramos em seu romance.
                Toda a trajetória vivida pelos personagens do romance, Fabiano - homem rude e incapaz de expressar seus pensamentos em palavras -, Sinhá Vitória, seus filhos, a cachorra Baleia e o papagaio - que a família come para aliviar a dor da fome -, é de extrema luta pela sobrevivência diante do flagelo da seca nordestina.
                Verifica-se neles (os personagens) um pouco da alma do povo nordestino, representado por Fabiano e sua família, que isolados, sem esperança e alternativas vivem condenados à miséria, à fome, rastejando a misericórdia e a boa vontade daqueles que detêm o poder. Fabiano não entende e questiona o tempo todo na obra o porquê de tanta humilhação e tanta injustiça. Pode-se dizer que ele é o retrato fiel do descaso social e da exploração humana.
                O livro que está dividido em 13 capítulos distribuídos da seguinte forma: capítulo 1 – Mudança, capítulo 2 – Fabiano, capítulo 3 - Cadeia, capítulo 4 - Sinhá Vitória, capítulo 5 – O menino mais novo, capítulo 6 – O menino mais velho, capítulo 7 – O inverno, capítulo 8 – Festa, capítulo 9 – Baleia, capítulo 10 – Contas, capítulo 11 - O Soldado Amarelo, capítulo 12 - O mundo coberto de pena e o capítulo 13 – Fuga.
                A obra conta a história de uma família pobre do sertão nordestino que busca um lugar para sobreviver. Exaustos, Fabiano, sua mulher Sinhá Vitória, seus filhos: o mais velho e o mais novo e a cachorra Baleia encontram abrigo em uma casa e passam a noite. De repente, chega o dono da fazenda e ameaça expulsar a família da fazenda. Fabiano implora trabalho e acaba ficando de lá.
                 Um ano depois, Fabiano já era empregado da fazenda e cuidava dos animais como vaqueiro, porém não recebia o salário suficiente por todo trabalho árduo que realizava.
                 Indo à cidade, Fabiano e a família vão a uma festa regional e Fabiano a convite de um soldado vai jogar baralho com os apostadores. Apostou todo o seu salário e, no momento em que percebeu que estava perdendo no jogo, saiu e foi abordado pelo soldado ocorrendo uma discussão entre eles.
                O soldado chama a polícia e eles o prendem, acusando-o injustamente e o agridem com um facão. A mulher e as crianças sentindo sua falta pernoitaram na calçada e, no dia seguinte, viram o dono da fazenda e o padre indo em direção à prisão. O padre liberou Fabiano da prisão. O tempo passou e a família foi ficando cada vez mais pobre, pois Fabiano gastava todo o dinheiro no jogo, e sua mulher revoltou-se. A seca castigava cada vez mais os animais e, por isto, Vitória quis fugir da fazenda.
                 A família organiza a mudança e Fabiano quer matar Baleia que está doente, mas acaba a ferindo com um tiro, porém ela foge e morre agonizando. As crianças choram muito a perda do animal.
                Por fim, Fabiano e a família saem em retirada e o sertão continuaria a mandar para a cidade homens fortes, brutos como Fabiano, Sinhá Vitória e os meninos.

Dia do Estudante

A Fundação Roberto Marinho patrocinou o Dia do Estudante para todos os alunos das escolas que estão na FAMASUL, entre elas, o Ginásio Municipal que foi contemplado com várias oficinas pedagógicas nos dois turnos: manhã e tarde. Os estudantes particiram das oficinas com bastante entusiasmo e vivenciaram o Dia do Estudante com atividades lúdicas. Todas voltadas para o resgate da identidade e da autoestima. Houve oficina de: movimento corporal, cordel, teatro, reciclagem, meio ambiente, Ascenso Ferreira, produção literária, nutrição,etc. Toda programação foi transmitida pela TV Futura..

Parabéns a todos os estudantes!


POESIA TEM TODO DIA...

Falar de poesia é falar de vida, de alma, de história, de emoção, enfim, de arte e porque não dizer, de afeto, já que a poesia nos toca através das palavras. Com ela, podemos nos encantar, emocionar, vibrar, chorar, recordar ou sonhar. A poesia está por toda parte e tudo pode virar poesia, como bem disse o poeta Elias José em uma de suas poesias intitulada Tem tudo a ver. Nela, o poeta deixa claro que a poesia está por toda parte e que tudo pode virar poesia. Ela é tão necessária ao homem quanto à água, o oxigênio, só que a água e o oxigênio alimentam o corpo, a poesia não; alimenta a alma. É através da poesia que o homem tem mais condição, dizia Elliot: “De descobrir aspectos até então desconhecidos no mundo; ver o mundo conhecido, mas sob um novo aspecto”. É através da leitura de poemas que podemos nos comunicar com o mundo, seja conhecendo, trocando ou transmitindo ideias. E é brincando com as palavras que cada um vai se encontrando e mostrando que a poesia é viva e que ela pode falar da vida da gente, das pessoas, e das coisas que vivem ao nosso redor.


MUNDO NOVO

MAYSA EMANUELLE

Quando nasci um anjo claro,
Desses que brilham no escuro,
Exclamou: vai, vai garota,
Tentar viver num mundo novo!

E que mundo... Mundo esse
Onde valores são outros,
Onde vivemos o medo,
Onde tudo muda o tempo todo,
Onde há uma busca incansável
Pela perfeição..

Mas, o que eu posso fazer
Diante disso? O jeito mesmo
É me adaptar... É tentar ser feliz...
E com certeza brilhar,
Mesmo que todas as luzes estejam por se apagar.

A juventude me preocupa,
E eu me pergunto por quê?
Mas, pra que me preocupar tanto assim?
Ainda sou jovem... Deixa a vida me ensinar...
Deixa a vida me guiar! (Poema inspirado no poema de Drummond, chamado Sete Faces)

O Haiti será aqui?

Tsunami,
Catástrofe, tragédia, 
Quem esperava essa avalanche?
A cidade coberta pelas águas.
Helicópteros, bombeiros, lanchas.
Dor, tristeza, desolação, perda...
Destruição... calamidade pública!
Caos, miséria, fome, tudo assusta.
É gente...é gente...por todo canto.
É gente que vai, é gente que vem,
É gente que xinga, é gente que explora,
É gente frágil, é gente solidária,
É gente fraterna, é gente humilde.
Nada será como antes...
Cenário caótico.
Devagar caminha a cidade,
Caminha... devagar...
devagar ela caminha... caminha!
Sua história?
Quem viver verá...
Na terra dos poetas
Tudo renascerá. (Eliete Carvalho)

Dia do Estudante

É na escola...
É na escola que a gente descobre o mundo através dos livros;
É na escola que nos apaixonamos pela Língua Portuguesa, descobrimos a matemática, a geografia, a história, a ciência e as artes;
É na escola que aprendemos nos relacionar uns com os outros;
É na escola que começam nossas paqueras, nossos namoros, nossas amizades;
É na escola que aprendemos valores como respeito, solidariedade e honestidade;
É na escola que dividimos tristezas, alegrias e sonhamos com dias melhores;
É na escola que definimos o que queremos ser: professor, médico, arquiteto, engenheiro, entre tantas outras profissões;
E até mesmo para ser um jogador de futebol, um artista famoso, um modelo...
É na escola que ele tem que passar;
É na escola que, para ser gente de verdade, é com ela que devemos sonhar todos os dias.  (Eliete Carvalho)

O Haiti é aqui...

Em uma das músicas de Caetano Veloso, encontramos a citação “O Haiti é aqui”, frase que nos leva também a comparar o que aconteceu na cidade de Palmares, complemente devastada pela força das águas do Rio Una, com a situação catatônica e semelhante que abateu o Haiti com a chegada do terremoto, deixando inúmeras vítimas, inclusive a missionária do Brasil, da Pastoral da Criança Zilda Arns, que teve sua vida interrompida justamente quando realizava uma palestra dentro de uma igreja para os haitianos.
                 Terremoto, tsunami, avalanche são palavras que servem para descrever o que ocorreu em Palmares nos últimos dias, do mês de junho de 2010. A cidade foi pega de surpresa pela enchente, não dando tempo a população de salvar seus pertences, móveis e até mesmo seus parentes. Muitos ficaram em suas casas no primeiro andar, em cima de lajes, achando que as águas não iram chegar, e tiveram que ser socorridos, de urgência, por helicópteros, Corpo de Bombeiros, lanchas e tantas outras formas de salvamento para não perderem suas vidas.  A força das águas foi tanta que as casas caíram em efeito dominó, pontes partiram, assim como árvores, carros e postes foram arrastados pela correnteza.
                 Tristeza maior não há. As vítimas estão ainda em estado de choque. O sentimento é de desespero, dor e muita aflição de todos aqueles que perderam parentes, lojas, casas, móveis e ficaram só com a roupa do corpo. Tudo foi destruído. “Palmares não existe mais”. É o que as pessoas falam de um canto a outro da cidade. O município ficou submerso pelas águas, e, certamente, é um dos mais atingidos da região da Mata Sul. O cenário aqui é caótico. A população atingida pela enchente está abrigada em escolas, casas de amigos e parentes. E não sabe o que fazer porque suas casas já não existem mais. A cidade está em calamidade pública. Falta energia, água, comida, roupa, remédios, material de limpeza, higiene, colchão, cobertor, toalha, etc.
                 Em toda parte da cidade, é gente que vai, é gente que vem, é gente curiosa, é gente que atrapalha, é gente que assusta, é gente que xinga, é gente que se aproveita da fragilidade e da situação de miséria das pessoas vitimadas para saquear e invadir residências, sem falar daquelas que querem explorar vendendo mercadorias acima do preço, mas também há gente solidária e que não mede esforços para ajudar o seu semelhante.
                  Desolação. É palavra que fica depois do caos. Esse é o cenário estampado no visual da cidade e nos rostos das pessoas. A pergunta agora é: como recomeçar? Tudo está perdido. Os prejuízos são incalculáveis. Muitos prédios históricos foram danificados; outros caíram completemente comprometendo até a própria história da cidade. Diante de tanto caos, destruição, dor e sofrimento, certamente, o Haiti é aqui. Mas, sejamos fortes, amigos! Vamos recomeçar...
"para a história nada se perde, cada fragmento carrega a memória e o tempo".

                                                             LER É PRECISO

                  Estou cansada de ouvir que os jovens não gostam de ler, muito menos de escrever. As reclamações parecem ser unânimes: dos pais, dos professores e até mesmo dos próprios jovens. Na escola, são várias as tentativas para fazer os jovens lerem. Muitas vezes, a escola não conhece a causa da recusa dos jovens em relação à leitura e termina impondo-a como parâmetro para incentivar o gosto pela leitura, mas quase sempre as experiências dão erradas. Primeiro porque não é obrigando que se fará com que os jovens leiam. Segundo porque ninguém aprende a ler só porque o professor ou alguém diz: “A leitura é fundamental!”. “Leiam”! Isso em nada acrescentaria a um jovem que não foi trabalhado para desenvolver o hábito da leitura. Ninguém nasce sabendo. Também não se aprende a ler de um dia para outro. Daí a importância de se estimular a criança desde cedo a ter acesso ao livro, de preferência, livros interessantes que estimulem a imaginação e que sirvam de exemplos para o seu desenvolvimento intelectual.

                 Livros, revistas, jornais, poesias, contos, romances são excelentes fontes de leitura, porém é preciso estar em sintonia com aquilo que os jovens gostam/gostariam de ler, para que a leitura venha a se processar sem bloqueio, sempre fruto do desejo e da curiosidade. Está mais que provado que quando a leitura interessa, ao contrário do que muita gente pensa, o jovem vai além das expectativas do professor. Já presenciei muitos alunos meus devorando livros, entusiasmados com a leitura e prontos para prosseguir adiante. Quando isso acontece, é porque a leitura, na verdade, sempre esteve presente nas suas vidas. Neste caso, a leitura torna-se um prazer. É fato também que esses jovens, nos seus primeiros anos, tiveram pais que leram para eles. Por outro lado, outros com ojeriza à leitura, sem vontade, sem estímulo para ler, justamente porque muitos não aprenderam a ler ou a leitura recomendada de alguns livros não chamou sua atenção. Isso sem esquecer que os jovens da escola pública, na sua maioria, chegam à escola já desestimulados. Os pais não os acompanham, muitos são analfabetos; e outros nem se preocupam com o que venha acontecer com seus filhos.

                É muito fácil ou até cômodo dizer que os jovens não gostam de ler. Para mim, isso é um mito ou uma desculpa para fugir da realidade encontrada na grande maioria das escolas públicas de todo o país. Os jovens gostam sim de ler. O problema é que nem sempre a escola está preparada para desenvolver o hábito da leitura.
               O que me parece urgente é fazer com que a leitura seja estimulada, não importa a série ou a idade, o ideal é dar condições, criar oportunidades para que os jovens entrem em contato com a leitura de bons livros, mas essa leitura jamais poderá ser solta, sem direção ou de forma aleatória. Fazer a leitura entrar na vida dos jovens não é só questão de um incentivo a mais, mas ela é uma das ferramentas importantes para o pleno exercício da cidadania. Acho que não é jogando a responsabilidade para os jovens que escola ensinará a ler, antes é tarefa precípua dela. Assim sendo, a escola precisa tornar o ato de ler em experiências interessantes e gratificantes para busca de um leitor competente, fugindo, lógico, dos maçantes trabalhos de leitura que em nada acrescentam à vida dos jovens.

CLASSES DE PALAVRAS EM PORTUGUÊS

Na Gramática Descritiva, de Mário Perini, no capítulo intitulado Classes de Palavras em Português, percebe-se uma crítica em torno das definições das categorias gramaticais. As críticas são pertinentes na medida em que certas definições dadas às classes de palavras deixam a desejar ou são duvidosas. Assim, o autor é imbatível ao questionar, principalmente, os exemplos colocados pela maioria dos gramáticos, como também, discute novas definições, sempre baseado em exemplos da língua viva e fluente dos falantes da língua materna.

                       As palavras, segundo o autor, na língua portuguesa, devem ser classificadas pelo seu potencial funcional em nível semântico e não pela sua classificação, apenas. Ora, o que vem a ser mesmo um substantivo? Um verbo? Um adjetivo? Se as palavras mudam de acordo com o desejo do falante como, nesse exemplo, trazido pelo autor: Tenho um sobrinho fazendeiro. Aqui, a palavra fazendeiro deixa de ser substantivo para ser o modificador do substantivo sobrinho, ou seja, ela é um adjetivo. Nota-se que a palavra não foi analisada isoladamente, mas dentro de um contexto frasal, possibilitando uma análise da palavra na sua real função. Esse e outros exemplos são colocados em xeque no capítulo intitulado Classes de Palavras.

                        Em se tratando de verbos, a definição de que somente os verbos podem desempenhar a função de núcleo do predicado fica vaga. Não se pode dizer que o verbo é sempre núcleo do predicado, porque há casos de frases em que o núcleo do predicado não é o verbo e, sim, o adjetivo. O exemplo a seguir traduz um pouco o que Perini sempre questiona: as definições duvidosas. Veja:  Minha mãe é maravilhosa. O núcleo aqui não é o verbo e, sim, o adjetivo. Nesse caso, temos um predicado que é nominal com um verbo de ligação e um núcleo que é a palavra maravilhosa. Há de se considerar que algumas definições verificadas nas gramáticas são imprecisas ou vagas, assim como afirma Perini em sua Gramática Descritiva.

                        É evidente que o texto não trata apenas dessa definição. Todas as categorias gramaticais são alvo de estudo e de críticas, mas como o próprio autor mencionou no debate que envolve as categorias gramaticais que não dispunha de levantamento léxico. A análise foi feita com base nas diferenciações das funções das palavras no contexto de produção. Há de se considerar, portanto, o provisório. Perini chega a ser exaustivo quando usa as abreviações, que, a meu ver, dificultam o entendimento do texto. Contudo, a mensagem do texto é riquíssima.

                      O autor traz ainda uma breve explicação do que seja a gramática descritiva e a normativa. A gramática descritiva procura descrever a língua a partir de sua funcionalidade, ou seja, ela se utiliza do real emprego das palavras no contexto de produção, ao contrário da normativa, que nos impõe conceitos, regras e exemplos que muitas das vezes nem questionamos.

                       Ler Perini, sem dúvida, é importante para compreensão e distinção da gramática descritiva em relação à normativa, mas também pela riqueza de conteúdo abordado, permitindo aos leitores múltiplas reflexões e leituras/releituras acerca das categorias gramaticais – As Classes de Palavras da Língua Portuguesa.

A ESCOLA QUE EU ESTUDO

                                A escola é um lugar de aprendizagem onde se realizam os sonhos. Nela, cada um tem grandes histórias para contar e cultivar vários amigos. Seu papel é sempre o de orientar a criança até tornar-se um adulto com conhecimento, comprometido e dedicado com o que faz.


Uma grande escola se importa com seus alunos. Isso é bem visto na escola que eu estudo o Colégio Municipal Fernando Augusto Pinto Ribeiro, mais conhecido como Ginásio Municipal. Ele leva todos os dias para várias crianças e adolescentes um ensino de qualidade do 6º ao 9º ano, mostrando para todos a importância da educação na vida das pessoas.


O seu ensino é considerado o melhor da cidade. Ele nos dá prazer todos os dias e nos incentiva a estudar para alcançarmos as nossas metas, principalmente quando realiza vários projetos com atividades diversificadas como, por exemplo, a dança, a poesia, o teatro e a literatura.

                               Eficiência é outro ponto que não posso deixar de falar, pois a instituição tem professores qualificados, diretores e coordenadores capacitados para dirigir a escola. É uma escola que possui uma infraestrutura muito boa, oportunizando aulas de educação física, ambientes climatizados, aula de informática, laboratório de ciências e matemática para facilitar a aprendizagem dos alunos.

                               São 61 anos de tradição educando e incentivando crianças e jovens a estudar. Tenho orgulho por ela ser uma das melhores escolas do município, preparando desde 1948 os estudantes para o conhecimento e para a vida. Por isso, ela já faz parte da minha família e da família de muitos os palmarenses.

Redação para o 2º Concurso Literário da Secretaria de Educação - Aluna Talita Emanuele, 8ª D

PÁTRIA AMADA, BRASIL!

                  Quem é brasileiro logo fará uma referência do título desta crônica ao Hino Nacional a partir dos últimos versos: “Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada, Brasil!”. Em clima de Copa do Mundo, com as expectativas da estreia do Brasil na África do Sul, não tem que segure o torcedor brasileiro. Não importa a classe social, a etnia, a religião, a cultura ou região do país, todos se vestem de verde-amarelo para sonhar com o hexacampeonato. Os olhares se voltam para o país do futebol. Seja em casa, nas ruas, nos bares, na escola ou no trabalho, o que vale mesmo é torcer e vibrar para a Seleção Brasileira trazer a taça para alegria de 198 milhões de brasileiros.

                  São muitas previsões, palpites, apostas, festas de um canto a outro do país. Comemorações não vão faltar, nem o churrasquinho, a cervejinha, antes ou depois das partidas, claro. O torcedor merece. Até de quem não acompanha ou nunca assistiu a uma partida inteira de futebol, mas na Copa do Mundo vale tudo. Ficar parado nem pensar. A emoção, o coração batendo forte, o sentimento de amor e de paixão ao país se afloram, em época de Copa do Mundo, e toma conta de crianças, jovens, adultos e velhos, principalmente, na hora em que a amarelinha entra em campo.

                 O país praticamente para e não se fala em outra coisa: Copa do Mundo 2010! E dia de jogo nem fala... é aquela correria, expectativa, nervosismo, euforia, buzinas, apitos, carros decorados com bandeironas, bandeirinhas e bandeirolas por todos os lados. O espetáculo do futebol, de fato, irradia a todos, não restam dúvidas. É a febre do verde e amarelo que contagia os brasileiros e vai tomando conta da família “pátria amada, Brasil!

                 A corrida para ver o Brasil jogar se aproxima, mas quem se agita mesmo é o comércio que espera ainda mais aumentar as vendas de adereços como camisas, bonés, pulseiras, brincos, tiaras, bandeiras, chaveiros, etc. Sem falar, dos aparelhos de TVs. Tudo para não perder o espetáculo e a magia do futebol brasileiro na África do Sul. É Copa! É Copa! É Copa! E ela só acontece de quatro em quatro ano. Então, por que perder a chance de reconhecer que o país é o melhor do futebol? Agora, é a hora.

                “Entre outras mil! És tu, Brasil”. É o que todos os brasileiros querem ouvir com o advento da Copa do Mundo. A nação se prepara para ver Galvão Bueno gritar, em cadeia nacional, é gol...é gol...é gol...é do Brasil! São os meninos do Brasil! Essa será a voz mais lembrada entre os brasileiros. Com certeza, valerá apena esperar para ver o Brasil jogar. A espera é grande, mas o amor à Pátria Amada é mais ainda. Que venham muitas e muitas vitórias! Sou brasileira com muito amor, Brasiiiiiiiil! 



Eu quero ser Poeta...

Há dias que estou tentando
Escrever um poema.
Surgem-me tantas ideias,
mas não consigo expressá-las.
Sofro por não ter o dom da palavra.
Como sofro!
O que eu queria mesmo era ser poeta.
Brincar com as palavras, os versos,
as rimas, as metáforas...
Ouvir minha voz fora de mim.
Queria , na verdade, girar o mundo.
Está aqui e ali.
Queria poder voar.
Impossível.
Estou presa à palavra.
Tudo é tão limitado, tão desconhecido.
Tão inacessível.
Fico rabiscando, rabiscando...
Por que insisto em querer ser poeta? (Poesia)

Eliete Carvalho


ESCOLA ATIVA,  O PASSO EU FAÇO...  

No dia 16/06/2010, aconteceu a Formação Continuada da ESCOLA ATIVA, no município de Palmares. A professora Eliete Carvalho fez a formação com a temática: Concepção de Língua e Linguagem. O objetivo foi proporcionar momentos de reflexão sobre a prática pedagógica a partir das concepções de língua e linguagem. Mostrar também como a teoria está relacionada com o fazer pedagógico, fornecendo subsídios teóricos e metodológicos para a melhoria do ensino e da aprendizagem da educação no campo. A Secretaria de Educação está de parabéns e todos os professores também. Escola Ativa, o passo eu faço.

 

Projeto Escola Limpa



Na semana do Meio Ambiente, o Grêmio Estudantil realizou para os alunos do 6º ao 9º ano, o Projeto Escola Limpa. O objetivo do projeto é conscientizar os estudantes sobre a importância de uma escola limpa. Para isso, fizeram palestras nas salas de aulas com o uso de retroprojetor. Discutiram sobre reciclagem, poluição,etc. Todos aplaudiram os alunos do Grêmio Estudantil. Parabéns a todos! Houve ainda a palestra da professora Cristine Féliz "Meio Ambiente é de todos" para os alunos da 7ª série. 

PRA FAZER VALER A HISTÓRIA... Lei 11.645/2008

 

A Lei Federal 11.645/08 - a que inclui no curículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-brasileira e Indígena - é objeto de palestra e reflexão no município de Palmares, em 21 de maio. Os palestrantes foram: Vilmar Carvalho e Jossara Kouryr. Os professores presentes reberam livros para vivenciar com seus alunos a história dos povos africanos e indíginas. A Secretaria de Educação está de parabéns pelo evento. O desafio agora é fazer valer o Projeto Escola & Diversidade no currículo escolar. 

PROJETO POESIA É VIDA...

O Projeto Poesia é Vida é uma iniciativa do Grêmio Estudantil do Ginásio Municipal. A Coordenação apoia o projeto e divulga os jovens leitores de poesias para a comunidade escolar.  No dia 23 e 24/03, os alunos da 8ª série D apresentaram, na Biblioteca, para alunos do 6º ano ao 9º, um recital de poesias. Todos eles estão de parabéns pela iniciativa e pelo brilhante recital.  V- I -V - A     A    P - O - E - S - I - A!

Palavra Puxa Palavra...


 Participem das Olimpíadas de Língua Portuguesa 2010!
Quem escreve merece ser lido...
“Ninguém escreve para si, a não ser um monstro de orgulho. A gente escreve para ser amado, para atrair, para encantar”
(Mário de Andrade)

Escrevam:
Poemas/Memórias Literárias/Crônicas.
Tema: O Lugar onde Vivo!


BULLYING, MODISMO E REALIDADE



Profª Eliete Carvalho

         A palavra Bullying, nos últimos anos, vem sendo discutida por vários profissionais, sejam psicólogos, especialistas da área da educação, gestores, professores, coordenadores, entre outros. É um termo advindo do inglês (bully, que significa valentão, brigão), mas também é sinônimo de agressão moral, física, psicológica ou verbal. Traduzindo em outras palavras: é violência.
             O bullying sempre existiu nas escolas, mas somente dos anos 70 para cá, é que vem ganhando cada vez mais atenção especial por pesquisadores de diversos países. Segundo a pesquisadora e pioneira no Brasil em divulgar pesquisas sobre o bullying, Cleo Fante ressalta que: “Na prática, acontece quando um estudante ou mais, de forma intencional, elege como alvo outro (ou outros) contra o qual desfere uma série de maus-tratos repetitivos, impossibilitando sua defesa”.
              Então, quem nunca viu um caso de bullying na escola que atire a primeira pedra. Todos os dias, nas escolas do Brasil e do mundo todo, aparecem casos de xingamentos, maus-tratos e violência verbal ou física contra alunos indefesos, tímidos e desprotegidos. Eles são perseguidos, de forma intencional, por outros ditos “valentões”, “poderosos” e “brigões” do pedaço. Muitas vezes, a violência vem camuflada através das “brincadeiras” desagradáveis como, por exemplo, os apelidos de mau gosto contra pessoas que são gordas e carregam a alcunha de baleia; os homossexuais que são chamados de gay, bicha; o negro que é chamado de macaco. Sem falar de outros tipos de xingamentos e agressões físicas constantes como insultos, ataques físicos, expressões ameaçadoras, etc. Várias são as fobias encontradas por trás dessas brincadeiras. Às vezes, o bullying passa despercebido justamente porque quem sofre, quem é agredido tem medo de falar, sente-se humilhado, intimidado.
             As pesquisas revelam que, infelizemente, o bullying traz várias consequências para a vida escolar. Geralmente os alunos têm uma baixa no rendimento escolar, ficam desmotivados, não querem mais frequentar às aulas, perdem a concentração, são vistos pelos cantos e evitam contatos. Esse tipo de comportamento pode sim comprometer o processo de ensino e aprendizagem, e o resultado é sempre a reprovação escolar.
              Modismo ou não, o fato é que o bullying é uma realidade. Ele está por toda parte. Seja na escola ou fora dela e, até mesmo, em casa. Os relatos de maus-tratos, carência afetiva, ausência de limites e violência doméstica, que os jovens vivenciam em casa, contribuem para formação da personalidade do jovem agressor (o bully). Geralmente, são pessoas extremamente controladoras, autoritárias e egoístas.  
              Qual é a saída? Essa é uma preocupação de todos que fazem a escola. É preciso intervenções constantes de combate às agressões repetitivas de caráter intencional e proposital. Certamente, o diálogo é o primeiro passo com os alunos. Em segundo lugar, alertar professores, pais e alunos com palestras. E em terceiro lugar, criar projetos que venham valorizar os laços afetivos, a autoestima, o amor ao próximo e a solidariedade, para que se tenha um ambiente harmonioso, tranquilo e de paz na escola.

Dia Internacional da Mulher - 08 de março

 
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Refletindo a Redação
“Aprender a escrever é aprender a pensar"

                       Na maioria das vezes, os alunos do ensino Fundamental saem para o ensino Médio sem saber direito redigir um bom texto ou redigem com muitas dificuldades. Por que isso ocorre? Ocorre pela falta do hábito da leitura, pois somente ela garante, aos poucos, a assimilação das técnicas redacionais. Muito embora, estudando-se tais técnicas ou mesmo lendo os mais variados manuais de redação, somente aprendendo a pensar e fazendo leitura constante é que podemos desenvolver algumas operações intelectuais, a fim de se obter um resultado positivo na redação.
                      A importância da leitura, da pesquisa e da prática de escrever é, pois, considerada fundamental, sendo um processo lento, mas que aos poucos ganham vida, na medida em que a leitura passa a fazer parte do universo lingüístico do aluno. Com a leitura, por exemplo, o aluno será capaz de ampliar o seu universo lingüístico, além de escrever com clareza e coerência.
                      Mas como escrever? Não existe uma maneira fixa e acabada para esse processo. Para acontecer a melhor maneira, ou seja, expressar as idéias sobre o papel, necessário se faz planejar, estruturar e organizar as idéias para que elas ganhem corpo, isto é, vida, sentido lógico. E isso só será possível colocar em prática, se a leitura e se o ato de pensar estiver presente na vida do aluno.
                      João Cabral de Melo Neto, em uma de suas poesias “Catar Feijão”, compara o ato de escrever com o ato de catar feijão, e ele faz isso com bastante precisão e clareza quando diz:

Catar feijão se limita com o escrever:
Jogam-se os grãos na água do alguidar,
E as palavras na folha de papel;
E depois, jogar-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
Água congelada, por chumbo seu verbo;
Pois para catar esse feijão, soprar nele;
E jogar fora o leve e o oco, palha e eco.
                     Diante destes versos, percebemos como o ato de escrever passa por um planejamento, desde a escolha das idéias a própria arrumação do texto. O texto ganha vida na medida em que é visto como um todo. Daí a importância de se dar ênfase a coesão e a coerência, pois sem esses dois parceiros no texto tornam-se difícil escrever com precisão.
                       Nota-se que o autor ao falar do ato de escrever prioriza o processo de autocorreção, ou seja, todo texto necessita de revisão, uma, duas ou quantas vezes o autor achar necessário. É justamente nesse processo que o escritor tende a retirar de seu texto tudo aquilo que não serve para ele, como é o caso da repetição de idéias e de palavras, e do excesso de pronomes (eu, ele, nós), das gírias, dos recados, etc. Só um bom leitor será capaz de jogar fora o leve e o oco de seu texto, como bem diz João C. M. Neto.
                       Portanto, para escrever com eficiência é preciso ter idéias, pensar e praticar. Para isso, Ledo Ivo certa vez disse quanto ao ato de escrever: os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever.


 Linguística Textual e Ensino
de Língua Portuguesa: O Jornal na Sala de Aula


                  A Linguística Textual, desde o seu surgimento, dos anos 60 até os dias atuais, tem se dedicado ao estudo do texto para além dos limites da palavra, frases ou períodos sintáticos. Para isso, estudiosos de várias correntes, interessados nos processos constitutivos da textualidade, vêm contribuindo com pesquisas de diferentes temáticas linguísticas, entre elas, a Análise do Discurso, a Análise da Conversação, a Pragmática Textual e as Teorias da Enunciação.

                 O ensino de Língua Portuguesa perpassado pelas teorias linguísticas certamente se torna mais significativo e produtivo, na medida em que o texto – objeto de estudo da Linguística Textual – passa a fazer parte das análises e discussões da língua em uso. É preciso ler e entender muito além das categorias gramaticais, completamente desprovidas de contextualizações e sentidos, se alheios ao texto, considerando que ele (o texto) precisa ocupar o lugar de destaque em ambientes de letramento, como é o caso das escolas, e mais especificamente a sala de aula.

                 Assim, será necessário aproximar os jovens da leitura e da escrita de vários gêneros textuais que circulam cotidianamente - principalmente os jornalísticos – tendo em vista que diversos são os propósitos comunicativos da mídia impressa. Ler para aprender, para pesquisar, para buscar informação, para se divertir, enfim, para escrever constitui ações indispensáveis para as práticas de leitura e escrita na escola. Dessa forma, o texto é elemento basilar para o trabalho com a língua materna. Ter o que dizer e saber como dizer encontra nos gêneros, presentes nos jornais, numerosas possibilidades de interações entre texto, leitor e sociedade.

                 Toda atividade linguística existe porque há necessidades diárias de comunicação. Ninguém fala ou escreve aleatoriamente, todo ato de fala ou escrita projeta-se nos gêneros discursivos. Eles são indispensáveis à comunicação: afinal, inúmeras são as situações de uso da língua que se realizam através dos gêneros. Por isso, não se pode negar a importância deles ao se ensinar e aprender língua portuguesa.

                  Nessa direção apontam-se como proposta pedagógica, os gêneros discursivos do jornal, tais como: notícia, charge, carta do leitor, anúncio de classificados e propaganda. Cada um desses gêneros é caracterizado dependendo de seus propósitos comunicativos: informar, opinar ou anunciar. Eles são encontrados diariamente na mídia impressa e podem ser explorados como estratégias de processamento textual, mobilizando três dimensões de conhecimento: o linguístico, o enciclopédico e o interacional. (ver Koch, 2000).

                  Essas três dimensões, se estudadas com atenção, a partir da leitura, compreensão, interpretação e da produção escrita dos gêneros textuais dos jornais, acionam saberes voltados ao entendimento global do texto. O conhecimento linguístico corresponde ao conhecimento gramatical e ao léxico. O enciclopédico tem a ver com o conhecimento de mundo do locutor. Já o interacional ou sócio-interacional é o conhecimento sobre as ações verbais, ou seja, as formas de inter-ação mediada pela linguagem. Algumas discussões do campo situacional também merecem entendimento: quem produz o texto? qual é o intercolutor? qual é a finalidade e a que gênero pertence? Diante dessa mediação, o texto tende a ser explorado não como um produto acabado, pronto, mas como processo, um todo que estabelece sentidos.

                  É com base nessas três estratégias de análise textual que o professor de Língua Portuguesa, usando o jornal como ferramenta indispensável ao ensino de leitura e escrita, pode difundir o conhecimento da Linguística Textual no espaço da sala de aula, na medida em que a prática pedagógica acompanha inovações trazidas pelas teorias de diferentes correntes linguistas, interessadas no estudo do texto.

                  A leitura do jornal, no espaço da sala de aula, portanto, aprimora a capacidade de interação do aluno leitor com o mundo; seja refletindo, seja dialogando, seja produzindo seu próprio texto. O jornal fornece a “matéria-prima” para as práticas diárias de leitura e escrita, confrontando-se a língua coloquial e os usos normativos do idioma.

                 Nessa perspectiva, os gêneros discursivos do jornal – objeto de estudo nas aulas de língua portuguesa - são valiosos suportes pedagógicos de incentivo à leitura, à pesquisa e à produção textual. Portanto, o uso do jornal na sala de aula além de contribuir com propostas práticas, eficazes e viáveis quanto à aprendizagem da leitura e da escrita forma produtores de textos eficientes, capazes de interagir com as múltiplas situações da língua em uso.