Relatório Escola Ativa


 
      RELATÓRIO DA FORMAÇÃO CONTINUADA – 2010

TEMÁTICA: CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E LINGUAGEM

                         A Formação Continuada da Escola Ativa aconteceu na FAMASUL, no dia 16 de junho de 2010, sob a orientação da professora Eliete Carvalho que discutiu no encontro os fundamentos do ensino da língua materna, abordando as concepções de língua e linguagem. O encontro começou 01h30minh, com os professores da zona rural que fazem parte do programa da Escola Ativa.

                        O objetivo da formação foi proporcionar aos professores momentos de reflexão sobre a prática pedagógica a partir das concepções de língua e linguagem. Mostrar também como a teoria está relacionada com o fazer pedagógico, fornecendo subsídios teóricos e metodológicos para melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da educação do campo.

                        Inicialmente, a professora apresentou a pauta dos trabalhos da seguinte forma:

1. Leitura Reflexão: Aula de Português (Carlos Drummond);

2. Concepções de Língua e Linguagem;

3. Música: Minha pátria é minha língua (Caetano Veloso);

4. Trabalho em grupo – Apresentação;

5. Avaliação do encontro.

                        A leitura-reflexão foi proveitosa, pois vários professores se posicionaram a respeito do texto Aula de Português, de Carlos Drummond, percebendo que a concepção de língua trazida pelo texto era totalmente tradicional. Assim, analisaram que o ensino da língua, durante muito tempo, deu ênfase ao ensino da gramática pela gramática. “Já não sei a língua em que comia/ em que pedia para ir lá fora/Em que levava e dava pontapé/ a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima/O português são dois; o outro, mistério”. Com essa citação do texto, compreenderam como o ensino de língua portuguesa, nas escolas, fazia pouco sentido para o aluno.

                        No segundo momento, a professora apresentou no data show as concepções de língua e linguagem. Para falar sobre língua, a abordagem foi feita na perspectiva de desfazer alguns equívocos quanto à visão que se tem de língua. Houve, para isso, a exposição do livro de Marcos Bagno, cujo título é Preconceito Linguístico. A partir dele, alguns mitos em torno da língua foram desmistificados, tais como: português é muito difícil; é preciso saber gramática para falar e escrever bem e; as pessoas sem instrução falam tudo errado. Esses foram os mitos trabalhados com o intuito de repensar alguns conceitos errôneos de língua que são, muitas vezes, repassados de geração a geração sem nenhuma fundamentação teórica ou base científica. Depois se apresentou o conceito de língua a partir da teoria de Bakhtin: “A língua materna, seu vocabulário e sua estrutura gramatical, não conhecemos por meio de dicionários ou manuais de gramática, mas graças aos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na comunicação efetiva com as pessoas que nos rodeiam“.

                        Nessa perspectiva, o ensino da língua precisa ser significativo para o aluno. O trabalho com a língua materna deve considerar que: ler e escrever é adquirir uma forma de pensamento, um processo de produção do saber, um meio de interação social com o mundo. (Bakhtin). Depois da apresentação do slide sobre o que é língua, todos ouviram a música “Minha pátria é minha língua”, de Caetano Veloso.

                       Não se pode falar de língua sem falar de linguagem. Nessa direção, duas concepções de linguagem foram trabalhadas com os professores. A primeira foi: linguagem como expressão do pensamento – foco no ensino tradicional – e a segunda: linguagem como interação – foco nos gêneros discursivos – visão interacionista da língua. Essa última é responsável pelo ensino de língua centrado nos gêneros textuais, onde o aluno aprende e desenvolve as competências linguísticas num constante processo de interação mediado pelo diálogo.

                      Nela, a língua só existe em função do uso. Portanto, “o ensinar, o aprender e o empregar a linguagem passam necessariamente pelo sujeito, o agente das relações sociais e o responsável pela composição e pelo estilo dos discursos”. (Bakhtin).

                      Tanto Bakhtin como Vygotshy enfatizam o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Não é à toa que o ensino e a aprendizagem, a partir da teoria da linguagem como interação, ganharam notoriedade e suscitaram novos caminhos para o trabalho pedagógico, demandando uma nova abordagem para o ensino de Língua Portuguesa nas escolas. “A questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio”. (Vygotshy)

                      Depois das concepções de linguagem trabalhadas e fundamentadas, houve ainda a definição de linguagem verbal, não-verbal e mista. Destacaram-se também os níveis de linguagem, tais como: nível formal, nível informal (coloquial) e nível popular. Para todas as definições, houve exemplos com textos para exemplificar o que estava sendo discutido.

                      Encerrada apresentação no dataskow, os grupos renovação, ação, despertar, união, crescer, estratégia, aprendizagem e mediadores fizeram leitura de textos acerca da temática do encontro e cada grupo apresentou o que lhe foi proposto para o grande grupo. Todos os grupos estão de parabéns pela participação.

                      O encontro terminou às 17:00h.

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”. (Paulo Freire)

...O Sol nasce para todos. E a educação também.

Profª Eliete Carvalho