Fora ou dentro do Internetês?

Eliete Carvalho

Internetês, neologismo criado a partir do uso da linguagem bastante veiculado em chats (salas de bate-papo), msn e blogs na Internet. Quem não estiver antenado com as abreviações, os ícones, os símbolos e até mesmo com as palavras erradas e os erros elementares de regras gramaticais, certamente estará por fora do mais novo e avassalador código virtual – o internetês. Por exemplo, a palavra não é “naum”, você é “vc”, hoje é “hj”, beijos é “bjs”, também é “tb”, aqui é “aki”, cadê é “kd”, risada é “kkk”, casa é “ksa”, assim é “axim”, bonito é “bunitu” e legal é “legau”.

Essa nova forma de escrever via internet vem dando o que falar, principalmente, porque não se trata apenas das abreviações, mas também dos erros de ortografia, concordância, pontuação, acentuação gráfica e, por aí, vão os jovens escrevendo horas a fio na Internet de forma “aleatória” e irreconhecível, pelo menos, é o que muitos professores de língua portuguesa afirmam.

Escrever errado na Internet é engraçado e divertido para os jovens. As aulas de português pouco importam na hora de processar as conversas virtuais. Pode-se dizer que a escrita eletrônica é muito diferente da escrita da escola. No geral, os internautas escrevem com bastante economia, ou seja, de maneira simplificada e carregada de pausas, grafismos, abreviações e erros gramaticais para ganhar tempo, na medida em que a comunicação digital, em tempo real, acontece com várias pessoas ao mesmo tempo.

Para quem não conhece o código das conversas instantâneas, é quase impossível decifrar o que dizem os adolescentes quando estão interagindo nas salas de bate-papo. Há muita polêmica em torno dessa questão. Uns defendem que o internetês não prejudica em nada a escrita dos jovens, pois uma coisa é escrever na internet, outra é na redação escolar. Uma vez que os jovens têm consciência de como, onde e com quem trocam esse tipo de linguagem. No entanto, outros acham que os estudantes estão totalmente influenciados pelas conversas dos bate-papos, transferindo os códigos – típicos das conversas instantâneas – para as redações escolares e passam a alertar os discentes sobre os riscos de maus tratos ao idioma português, por conta dos “erros” graves de gramática.

Polêmicas à parte, mas se as conversas nos chats, em virtude da rapidez, agilidade e praticidade são informais, então é comum se presenciar em gênero desse tipo, as gírias, as palavras repetidas, as abreviações, as pausas, os neologismos, etc, por ele se aproximar muito da linguagem falada. O problema não está no internetês e sim em usá-lo fora do contexto de produção. Não há nenhum problema quanto a essa nova forma de linguagem. Ela nada tem a ver com ignorância ou preguiça mental. O que não se pode é levar para a escrita formal, como é o caso das redações escolares, esses recursos linguísticos - específicos da oralidade - para dentro do texto escrito. Isso seria desconhecer as diferenças e as semelhanças de ambas as modalidades: falada e escrita.

Eliete Carvalho - é professora de Língua Portuguesa em Palmares das escolas: Fernando A.P. Ribeiro e Dr. Pedro Afonso de Medeiros.



Livros: Leitura Recomendada


2 comentários:

  1. Visite o meu Blog Painel Pedagógico. Estou esperando! Beijos!

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  2. Professora Eliete,

    Mais uma vez parabéns pela idéia do blog, pelo conteúdo, criatividade e ousadia. Que bom saber que você busca fazer a diferença, inovando e trazendo tantas informações. Fico feliz em compartilhar. Um abração do tamanho da força de vontade que você tem em contribuir para que a educação de Palmares, e especialmente do Ginásio, seja melhor.
    Do amigo,
    Prof. Flávio Miranda

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