Refletindo a Redação
“Aprender a escrever é aprender a pensar"

                       Na maioria das vezes, os alunos do ensino Fundamental saem para o ensino Médio sem saber direito redigir um bom texto ou redigem com muitas dificuldades. Por que isso ocorre? Ocorre pela falta do hábito da leitura, pois somente ela garante, aos poucos, a assimilação das técnicas redacionais. Muito embora, estudando-se tais técnicas ou mesmo lendo os mais variados manuais de redação, somente aprendendo a pensar e fazendo leitura constante é que podemos desenvolver algumas operações intelectuais, a fim de se obter um resultado positivo na redação.
                      A importância da leitura, da pesquisa e da prática de escrever é, pois, considerada fundamental, sendo um processo lento, mas que aos poucos ganham vida, na medida em que a leitura passa a fazer parte do universo lingüístico do aluno. Com a leitura, por exemplo, o aluno será capaz de ampliar o seu universo lingüístico, além de escrever com clareza e coerência.
                      Mas como escrever? Não existe uma maneira fixa e acabada para esse processo. Para acontecer a melhor maneira, ou seja, expressar as idéias sobre o papel, necessário se faz planejar, estruturar e organizar as idéias para que elas ganhem corpo, isto é, vida, sentido lógico. E isso só será possível colocar em prática, se a leitura e se o ato de pensar estiver presente na vida do aluno.
                      João Cabral de Melo Neto, em uma de suas poesias “Catar Feijão”, compara o ato de escrever com o ato de catar feijão, e ele faz isso com bastante precisão e clareza quando diz:

Catar feijão se limita com o escrever:
Jogam-se os grãos na água do alguidar,
E as palavras na folha de papel;
E depois, jogar-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
Água congelada, por chumbo seu verbo;
Pois para catar esse feijão, soprar nele;
E jogar fora o leve e o oco, palha e eco.
                     Diante destes versos, percebemos como o ato de escrever passa por um planejamento, desde a escolha das idéias a própria arrumação do texto. O texto ganha vida na medida em que é visto como um todo. Daí a importância de se dar ênfase a coesão e a coerência, pois sem esses dois parceiros no texto tornam-se difícil escrever com precisão.
                       Nota-se que o autor ao falar do ato de escrever prioriza o processo de autocorreção, ou seja, todo texto necessita de revisão, uma, duas ou quantas vezes o autor achar necessário. É justamente nesse processo que o escritor tende a retirar de seu texto tudo aquilo que não serve para ele, como é o caso da repetição de idéias e de palavras, e do excesso de pronomes (eu, ele, nós), das gírias, dos recados, etc. Só um bom leitor será capaz de jogar fora o leve e o oco de seu texto, como bem diz João C. M. Neto.
                       Portanto, para escrever com eficiência é preciso ter idéias, pensar e praticar. Para isso, Ledo Ivo certa vez disse quanto ao ato de escrever: os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever.


 Linguística Textual e Ensino
de Língua Portuguesa: O Jornal na Sala de Aula


                  A Linguística Textual, desde o seu surgimento, dos anos 60 até os dias atuais, tem se dedicado ao estudo do texto para além dos limites da palavra, frases ou períodos sintáticos. Para isso, estudiosos de várias correntes, interessados nos processos constitutivos da textualidade, vêm contribuindo com pesquisas de diferentes temáticas linguísticas, entre elas, a Análise do Discurso, a Análise da Conversação, a Pragmática Textual e as Teorias da Enunciação.

                 O ensino de Língua Portuguesa perpassado pelas teorias linguísticas certamente se torna mais significativo e produtivo, na medida em que o texto – objeto de estudo da Linguística Textual – passa a fazer parte das análises e discussões da língua em uso. É preciso ler e entender muito além das categorias gramaticais, completamente desprovidas de contextualizações e sentidos, se alheios ao texto, considerando que ele (o texto) precisa ocupar o lugar de destaque em ambientes de letramento, como é o caso das escolas, e mais especificamente a sala de aula.

                 Assim, será necessário aproximar os jovens da leitura e da escrita de vários gêneros textuais que circulam cotidianamente - principalmente os jornalísticos – tendo em vista que diversos são os propósitos comunicativos da mídia impressa. Ler para aprender, para pesquisar, para buscar informação, para se divertir, enfim, para escrever constitui ações indispensáveis para as práticas de leitura e escrita na escola. Dessa forma, o texto é elemento basilar para o trabalho com a língua materna. Ter o que dizer e saber como dizer encontra nos gêneros, presentes nos jornais, numerosas possibilidades de interações entre texto, leitor e sociedade.

                 Toda atividade linguística existe porque há necessidades diárias de comunicação. Ninguém fala ou escreve aleatoriamente, todo ato de fala ou escrita projeta-se nos gêneros discursivos. Eles são indispensáveis à comunicação: afinal, inúmeras são as situações de uso da língua que se realizam através dos gêneros. Por isso, não se pode negar a importância deles ao se ensinar e aprender língua portuguesa.

                  Nessa direção apontam-se como proposta pedagógica, os gêneros discursivos do jornal, tais como: notícia, charge, carta do leitor, anúncio de classificados e propaganda. Cada um desses gêneros é caracterizado dependendo de seus propósitos comunicativos: informar, opinar ou anunciar. Eles são encontrados diariamente na mídia impressa e podem ser explorados como estratégias de processamento textual, mobilizando três dimensões de conhecimento: o linguístico, o enciclopédico e o interacional. (ver Koch, 2000).

                  Essas três dimensões, se estudadas com atenção, a partir da leitura, compreensão, interpretação e da produção escrita dos gêneros textuais dos jornais, acionam saberes voltados ao entendimento global do texto. O conhecimento linguístico corresponde ao conhecimento gramatical e ao léxico. O enciclopédico tem a ver com o conhecimento de mundo do locutor. Já o interacional ou sócio-interacional é o conhecimento sobre as ações verbais, ou seja, as formas de inter-ação mediada pela linguagem. Algumas discussões do campo situacional também merecem entendimento: quem produz o texto? qual é o intercolutor? qual é a finalidade e a que gênero pertence? Diante dessa mediação, o texto tende a ser explorado não como um produto acabado, pronto, mas como processo, um todo que estabelece sentidos.

                  É com base nessas três estratégias de análise textual que o professor de Língua Portuguesa, usando o jornal como ferramenta indispensável ao ensino de leitura e escrita, pode difundir o conhecimento da Linguística Textual no espaço da sala de aula, na medida em que a prática pedagógica acompanha inovações trazidas pelas teorias de diferentes correntes linguistas, interessadas no estudo do texto.

                  A leitura do jornal, no espaço da sala de aula, portanto, aprimora a capacidade de interação do aluno leitor com o mundo; seja refletindo, seja dialogando, seja produzindo seu próprio texto. O jornal fornece a “matéria-prima” para as práticas diárias de leitura e escrita, confrontando-se a língua coloquial e os usos normativos do idioma.

                 Nessa perspectiva, os gêneros discursivos do jornal – objeto de estudo nas aulas de língua portuguesa - são valiosos suportes pedagógicos de incentivo à leitura, à pesquisa e à produção textual. Portanto, o uso do jornal na sala de aula além de contribuir com propostas práticas, eficazes e viáveis quanto à aprendizagem da leitura e da escrita forma produtores de textos eficientes, capazes de interagir com as múltiplas situações da língua em uso.
O texto na sala da aula


                                                            Oh! Bendito o que semeia
                                                            Livros, livros à mão cheia...
                                                            E manda o povo pensar...
                                                            O livro caindo n’alma
                                                            É germe – que faz a palma,
                                                            É chuva – que faz o mar.

                                                                                                     (Castro Alves)

                                                    Nosso Projeto Político Pedagógico


Mulher, sexo frágil?

Profª. Eliete Carvalho

                 Há quem pense ainda hoje que mulher é sexo frágil. Que ela é totalmente dependente e submissa ao homem. Por que então perdura essa concepção falsa? De onde veio? Em que ela se fundamenta? São indagações que necessitam ser feitas para que se desmistifiquem certos tipos de pensamentos errôneos que, ao longo do tempo, proliferam, deixando a sociedade à mercê da atrasada cultura machista.
                  Para exemplificar essa “cultura”, basta observar as brincadeiras desagradáveis, as piadinhas de mau gosto e os vários tipos de preconceitos que a mulher é constantemente submetida a escutar em casa, na escola, no trabalho, na rua, na política, no trânsito, enfim em tudo quanto é canto, porque simplesmente é mulher. Para alguns, até parece que a mulher não é um ser capaz de pensar, escolher e de ter vontade própria.

                  É triste saber que mulheres continuam vítimas de atrocidades cometidas por homens. Elas são espancadas, exploradas no trabalho, violentadas sexualmente e assassinadas, infelizmente, por seus empregadores, parentes, pais, namorados e companheiros. E o pior frequentemente ocorre: a maioria dos agressores fica impune, aumentado cada vez mais os índices de assassinato de mulheres.

                  Para se ter uma noção do tamanho da crueldade desses homens, só em Pernambuco, no mês de janeiro, foram 30 assassinatos por motivos banais. É o estado que mais mata mulheres, como bem noticiou o Globo Repórter, do dia 06 de março de 2009, sobre a escalada da violência doméstica no Brasil. Lamentavelmente, a esperada Lei Maria da Penha ainda não conseguiu coibir esse tipo de crime.

                 Como dizer um basta a tudo isso? Só a educação é capaz de transformar e fazer mudar antigas concepções que em nada ajudam a melhorar a vida das pessoas. Comemorar o dia 08 de março é ter consciência de que ainda há muito a se conquistar. Muitos foram os avanços das mulheres, principalmente, no mercado trabalho, mas elas ainda não venceram a luta contra o preconceito, a violência e o machismo perverso que culturalmente tem interrompido a vida de muitas mulheres.

                 A mulher não merece ser tratada com indiferença nem tampouco ser desrespeitada. Independente de cor, raça ou religião toda mulher deve ter direito à vida, à educação de qualidade, à moradia, à saúde, à cultura e sonhar com dias melhores; e isso só será possível quando a sociedade reconhecer que a mulher tem direito de ter direito, inclusive, o direito de não ser considerada o “sexo frágil”.

                 Dia 08 de março, dia de luta contra qualquer forma de discriminação contra às mulheres.

                 Um feliz Dia Internacional das Mulheres com muita paz e afeto.

Lei Maria da Penha é desrespeitada
diz o Jornal Diário de Pernambuco


No Estado de Pernambuco,
mulheres continuam vítimas da violência



Mulher é retrada na tela do cimena




POESIA É VIDA - FOTOS DO EVENTO

"Poesia não tem ontem nem hoje...Poesia é Sempre"














GINÁSIO MUNICIPAL ETERNAMENTE VERDE E BRANCO

Profª Eliete Carvalho


                O tempo passa e o Ginásio Municipal Fernando Augusto Pinto Ribeiro permanece. Sua história e tradição são maiores do que qualquer conjuntura, pois se encontram na esperança, na paz e na igualdade de suas cores, símbolos que a população de Palmares aprendeu a respeitar. Vê-lo novamente verde e branco reconcilia todo esforço, toda luta do passado de mais de cinquenta anos, com a vontade de trabalhar o presente e projetá-lo no futuro da educação de Pernambuco: uma escola pública de qualidade, democrática e participativa.

               Um Ginásio com o compromisso de acompanhar as mudanças sociais, tecnológicas e ambientais que a sociedade brasileira enfrenta. Formando cidadãos capazes de intervir a favor da comunidade, da socialização dos saberes da ciência, da cultura e da preservação do meio ambiente, defendendo a vida e a solidariedade.

               Um Ginásio de meninos, meninas, moças e rapazes que descobrem entre suas paredes como é fundamental aprender, ler, interpretar e escrever o próprio caminho; uma escola de professores valorizados e comprometidos com a formação cultural, científica e cidadã das novas gerações; um patrimônio público onde seus funcionários e gestores se orgulham de colocar para funcionar todos os dias. Espécie de relógio que a cidade carrega no pulso de suas melhores energias. Espécie de coração que Deus quer como símbolo de Palmares.

                Sintam-se felizes por fazer parte da história e da tradição de nossa escola do coração, o Ginásio Municipal.



Homenagem do Dia Internacional da Mulher











Fora ou dentro do Internetês?

Eliete Carvalho

Internetês, neologismo criado a partir do uso da linguagem bastante veiculado em chats (salas de bate-papo), msn e blogs na Internet. Quem não estiver antenado com as abreviações, os ícones, os símbolos e até mesmo com as palavras erradas e os erros elementares de regras gramaticais, certamente estará por fora do mais novo e avassalador código virtual – o internetês. Por exemplo, a palavra não é “naum”, você é “vc”, hoje é “hj”, beijos é “bjs”, também é “tb”, aqui é “aki”, cadê é “kd”, risada é “kkk”, casa é “ksa”, assim é “axim”, bonito é “bunitu” e legal é “legau”.

Essa nova forma de escrever via internet vem dando o que falar, principalmente, porque não se trata apenas das abreviações, mas também dos erros de ortografia, concordância, pontuação, acentuação gráfica e, por aí, vão os jovens escrevendo horas a fio na Internet de forma “aleatória” e irreconhecível, pelo menos, é o que muitos professores de língua portuguesa afirmam.

Escrever errado na Internet é engraçado e divertido para os jovens. As aulas de português pouco importam na hora de processar as conversas virtuais. Pode-se dizer que a escrita eletrônica é muito diferente da escrita da escola. No geral, os internautas escrevem com bastante economia, ou seja, de maneira simplificada e carregada de pausas, grafismos, abreviações e erros gramaticais para ganhar tempo, na medida em que a comunicação digital, em tempo real, acontece com várias pessoas ao mesmo tempo.

Para quem não conhece o código das conversas instantâneas, é quase impossível decifrar o que dizem os adolescentes quando estão interagindo nas salas de bate-papo. Há muita polêmica em torno dessa questão. Uns defendem que o internetês não prejudica em nada a escrita dos jovens, pois uma coisa é escrever na internet, outra é na redação escolar. Uma vez que os jovens têm consciência de como, onde e com quem trocam esse tipo de linguagem. No entanto, outros acham que os estudantes estão totalmente influenciados pelas conversas dos bate-papos, transferindo os códigos – típicos das conversas instantâneas – para as redações escolares e passam a alertar os discentes sobre os riscos de maus tratos ao idioma português, por conta dos “erros” graves de gramática.

Polêmicas à parte, mas se as conversas nos chats, em virtude da rapidez, agilidade e praticidade são informais, então é comum se presenciar em gênero desse tipo, as gírias, as palavras repetidas, as abreviações, as pausas, os neologismos, etc, por ele se aproximar muito da linguagem falada. O problema não está no internetês e sim em usá-lo fora do contexto de produção. Não há nenhum problema quanto a essa nova forma de linguagem. Ela nada tem a ver com ignorância ou preguiça mental. O que não se pode é levar para a escrita formal, como é o caso das redações escolares, esses recursos linguísticos - específicos da oralidade - para dentro do texto escrito. Isso seria desconhecer as diferenças e as semelhanças de ambas as modalidades: falada e escrita.

Eliete Carvalho - é professora de Língua Portuguesa em Palmares das escolas: Fernando A.P. Ribeiro e Dr. Pedro Afonso de Medeiros.



Livros: Leitura Recomendada